domingo, 6 de maio de 2012

As duas dimensões da fé cristã:

“EU CREIO” E “NÓS CREMOS”: A DIMENSÃO PESSOAL E A DIMENSÃO COMUNITÁRIA DA FÉ[1]

O culto público e a ação social representam o aspecto
comunitário da fé.
A fé cristã possui duas dimensões: A pessoal e a comunitária. A pregação é uma missão da Igreja. Esta propõe o que se acredita à pessoa que está sendo evangelizada. Esta, por sua vez, acolhe a proposta com sua fé.
Portanto, a fórmula e o conteúdo da fé são guardados e zelados comunitariamente. As ações litúrgicas e sociais são o aspecto comunitário da fé. As pessoas podem rezar sozinhas, expressar sua fé individualmente. Mas o cristianismo é essencialmente comunitário. As orações, as reuniões, ou seja, o culto público, tudo isso é vital para a sobrevivência do cristianismo dentro de sua autêntica proposta.
As pessoas reunidas têm mais força para desenvolver seus deveres cristãos. Pois quando elas se encontram, oram em conjunto, alimentam a fé uma das outras, conhecem os problemas da comunidade. Enfim, expressam sua comunhão de fé.
No âmbito pessoal, cada um expressa a sua fé conforme sua personalidade, seu modo de ser. Existe esta liberdade. Até porque a fé é uma resposta pessoal. O que devemos distinguir é que a fórmula da fé é definida comunitariamente. Assim como a Bíblia pode ser lida individualmente, mas é interpretada comunitariamente.
Seria difícil sustentar uma Igreja na qual cada pessoa tem sua doutrina. Naquilo que fundamental para a salvação deve ser de comum acordo acreditar. Se um católico, por exemplo, defende uma doutrina não-cristã. Ele tem direito de acreditar nela. Mas é preciso ter consciência de que ele não está sendo católico, pois não está havendo comunhão de fé. “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Efésios 4,5).

Atos dos Apóstolos 2, 42:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.

[1] Questão debatida no encontro sobre Estudos do Catecismo em Conceição de Ipanema, no dia 5 de maio de 2012.

A predestinação e ação de Deus no mundo

PREDESTINAÇÃO: COMO DEUS AGE NA HISTÓRIA DAS PESSOAS?[1]

A fome na África. Como conciliar a bondade de Deus com
o sofrimento no mundo é o maior dilema da fé.
A predestinação é um conceito teológico que procura compreender a relação de Deus com o homem. E quer dizer que Deus na sua onisciência pode decidir antecipadamente os acontecimentos da vida de uma pessoa.
No cristianismo, a forma mais acentuada desta perspectiva está no calvinismo. Esta corrente teológica chegou afirmar que Deus escolhe previamente as pessoas que irão se salvar e as que irão se condenar. É um domínio total de Deus sobre a vida das pessoas. Neste sentido, o ser humano teria sua liberdade quase totalmente reduzida.
No catolicismo, acredita-se na dupla colaboração de Deus e do ser humano na construção da história de cada pessoa. Deus participa oferecendo a Graça e os dons necessários para a pessoa se desenvolver, viver bem e alcançar a felicidade e a própria salvação. Mas quem decide e acolhe esta participação de Deus é o homem. Deus respeita a liberdade do homem.
Portanto, os males no mundo não podem ser culpados diretamente a Deus. Ele não predestina pessoas para a felicidade e outras para a tragédia. Os males que acontecem com o ser humano têm basicamente três agentes:

a)      As ações da própria pessoal.
b)      As ações das outras pessoas com as quais convive.
c)      As ações da natureza que é falível.

Na maior parte dos acontecimentos a responsabilidade é do ser humano. Deus já lhe deu inteligência, discernimento, capacidade de realizar boas escolhas. Então, ele respeita a liberdade que o ser humano tem de fazer suas escolhas. A vida é uma teia de relações e nós não dependemos só de nossas ações, há cruzamentos de ações alheias e da natureza. Mas tudo ocorre na natureza, Deus não é o autor do mal. Se assim fosse Ele não poderia ser bom e misericordioso.


[1] Questão debatida no encontro sobre Estudos do Catecismo em Conceição de Ipanema, no dia 5 de maio de 2012.

Vocabulário Básico do Tema 1:

A PROFISSÃO DE FÉ APOSTÓLICA

Vocabulário Básico

FÉ: É a virtude teologal pela qual os fiéis crêem como verdade o conteúdo da Revelação expresso pelos textos bíblicos e pelo testemunho da Igreja.

REVELAÇÃO: É a manifestação de Deus na história revelando seus desígnios por palavras, ações e sinais.

INSPIRAÇÃO: “2 Tim 3,16- ação do Espírito Santo sobre as faculdades literárias do escritor humano, luz para conceber idéias, impulso para escrevê-las, assistência para não errar ao exprimir a verdade que salva. A natureza desta ação divina = dom especial, presença do ES que permite ao autor ser um instrumento, dócil mas não cego. A inspiração torna o livro Sagrado, Palavra de Deus. A inerrância é conseqüência.”[1]

INERRÂNCIA: É a doutrina segundo a qual, o texto bíblico não contém erros em matéria de fé e moral. Ele possui apenas erros secundários como de ciência devido à realidade cultural da época em que foi escrito.

TRADIÇÃO: “toda a herança bíblica religiosa de Jesus, com todo o conteúdo que ele revelou aperfeiçoando a lei e os profetas, confiou-o (depositou-o) aos Apóstolos e á Igreja.”[2]

MAGISTÉRIO: “O Depósito da Revelação foi confiado a igreja toda. O povo unido a seus sacerdotes. Jesus confiou a igreja à missão de transmitir e guardar, interpretar e ensinar a SE. Para tal assegurou ao magistério a sua assistência infalível (Mt 16,16-19; Lc 22,31-32) O Magisterio não é uma terceira instancia ao lado da Bíblia e Tradição mas é a tradição oral que continua a falar através dos séculos.”[3]



[1] Profª Ebbi Golin. Teologia da Revelação. Acessado em: http://www.csdb.org.br
[2] Idem.
[3] Idem.

sábado, 5 de maio de 2012

1º Tema do CIC: A fé e os Símbolos

1.     INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO: A PROFISSÃO DE FÉ APOSTÓLICA

Detalhe: Sacrifício de Isaac.
A fé sem reflexão pode levar ao fideísmo.
Conceitos: Fé. Revelação. Inspiração. Transmissão. Testemunho. Tradição Apostólica. Magistério. Dogma. Símbolos.

Introdução ao tema da fé
O termo fé[1] é o ponto de partida para o estudo da Teologia. No Catecismo da Igreja Católica antes da demonstração do conteúdo da fé, há considerações sobre ela. A fé nasce da busca de uma relação entre homem e Deus.
No Primeiro Testamento, fé designa o ato de ser firme e fiel a algo e de também de aceitar algo como verdadeiro. Deus se elege o povo de Israel com quem deseja fazer uma aliança e se manifesta por meio de oráculos e de teofanias. A síntese do conteúdo desta é o Shemá.
A fé no Segundo Testamento possui várias dimensões. Nos Evangelhos, ela é a adesão ao anúncio do Reino de Deus. João já apresenta a fé como uma resposta de encontro pessoal com Jesus. Nos escritos paulinos, a fé é a adesão à pregação do Evangelho (ARBOITH, 2008).
A fé possui uma dimensão pessoal e uma eclesial. É uma adesão a uma mensagem que exige mudança de mentalidade, insere a fiel em uma comunidade e tem como conseqüência um novo comportamento moral.

Em busca de um conceito de fé
     Em hebreus 11, 1, lemos que “a fé é a substância das coisas que se esperam e o argumento das coisas que não se veem”. Tomás de Aquino[2] considerava essa afirmação como a mais completa definição bíblica da fé. É a vivência antecipada do que se espera, é a convicção sobre o invisível.
     Segundo Libânio (2000), o ato de crer é graça de Deus, liberdade humana e tem uma racionalidade profunda. Aqueles que creem sem esforço da razão caem no fideísmo. Aqueles que procuram a razão em tudo caem no racionalismo. Outros transformam a questão em mera vontade, é o voluntarismo. Além disso, a fé tem uma base pessoal, mas também a influência da cultura, do espaço e da época.
     A fé se relaciona com as duas outras virtudes: a esperança e o amor. Muitos procuram na fé uma certeza que passa por cima dos fatos. As características da fé são justamente uma experiência humana que mescla certeza e dúvida. A fé e a esperança andam juntas, quando se diz ter fé, quer dizer que se tem uma esperança dada por Cristo que ultrapassa todo desânimo e falta de sentido do mundo. Quando Pedro fala das razões da esperança, isso alcança também as razões da fé (BENTO XVI, Spe Salvi[3], 2).

O conteúdo da fé
     Em que cremos? O conteúdo da fé é a revelação. (LAMBIASI, 1997). Segundo o Evangelho, crer em Jesus significa aceitar a pessoa e não meramente os seus ensinamentos. Portanto, a fé é em alguém e não em algo. A salvação provém da fé, ou seja, da aceitação dessa pessoa como um todo. A salvação é sempre salvação de algum perigo, nesse caso, é a preservação da grande esperança de que a vida possui um sentido pleno. A fé tem forma bíblica na expressão “Jesus é o Senhor”(Fl 2, 9-11).

O processo da Revelação e a Tradição Apostólica
A Revelação é um fenômeno próprio da experiência religiosa judaico-cristã. O Primeiro Testamento mostra Deus (Yahweh) se revelando ao seu povo através da providência e da entrega da Lei. O Segundo Testamento considera esta revelação através da pessoa de Jesus e sua encarnação. A Carta aos Hebreus 1, 1-2 sintetiza este processo: Depois de ter, por muitas vezes e de muitos modos, falado outrora aos pais nos profetas, Deus, no período final em que estamos, falou-nos a nós num Filho a quem estabeleceu herdeiro de tudo, por quem outrossim criou os mundos”.
A Revelação torna-se experiência vivida pelo povo de Israel e tradição escrita (As Escrituras). A Igreja primitiva apóia sua fé nas memórias dos apóstolos. Esta Tradição Apostólica torna-se Escrituras e costumes de fé e de moral. A Tradição precede as Escrituras. O depósito da fé foi confiado, protegido e transmitido pelos apóstolos. A tarefa de explicar, de atualizar para a linguagem de uma época a mensagem da Revelação na Igreja é do Magistério.

O Símbolo Apostólico
O Símbolo Apostólico é a síntese da doutrina cristã. A sua origem parece estar ligada à tradição litúrgica dos primeiros séculos. Foi inicialmente uma confissão batismal. O texto já foi conhecido como “os doze artigos da fé”. Havia uma lenda que dizia que cada artigo foi ditado por um apóstolo. Esta origem foi difundida por Rufino no século IV. A divisão tradicional do Credo:

1. Creio em Deus Pai Todo-poderoso, o Criador dos Céus e da terra. 1ª pessoa da Trindade.
2. E em Jesus Cristo, o seu único Filho, o nosso Senhor; 2ª pessoa da Trindade.
3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria; Origem divina e humana de Jesus.
4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; Morte real de Jesus.
5. desceu aos infernos, e ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos; Ressurreição de Jesus.
6. subiu ao céu e está assentado a direita de Deus Pai Todo-poderoso; Ascensão e aprovação divina.
7. dali virá para julgar os vivos e os mortos. Julgamento final.
8. Creio no Espírito Santo; 3ª pessoa da Trindade.
9. na santa Igreja católica, a comunhão dos santos; Autenticidade da Igreja.
10. o perdão dos pecados; Remissão.
11. a ressurreição do corpo Imortalidade.
12. e a vida eterna. Amém. Eternidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARBOITH, Felipe Barrozo. O conceito de fé na teologia fundamental cristã. Revista Eletrônica Theologia. Volume 2, Nº 1, 2008.
BECK, Eleonore. Eu creio: Pequeno catecismo católico. São Paulo: Editorial Verbo Divino, 1999.
CIC. Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Paulo, 2000.
LIBÂNIO, João Batista. Eu creio, nós cremos: tratado da fé. São Paulo: Loyola, 2000.
RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo: Preleções sobre o Símbolo Apostólico. São Paulo: Herder, 1970.


[1] Crer em grego se diz pistéuo e o sentido é “acreditar, confiar, ser convencido”.
[2] Tomás de Aquino (1225 – 1274) foi o maior teólogo da Idade Média.
[3]  Spe salvi é latim e significa “Salvos pela esperança”.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Formação catequética: Conceição de Ipanema/2012

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Estudos Introdutórios à Doutrina Cristã Católica


A proposta de estudo do Catecismo pelos catequistas da paróquia de Conceição de Ipanema está dividida em dez temas:

TEMA
CARGA HORÁRIA
01
Introdução ao Cristianismo: A profissão de fé apostólica
2h/a
02
A Revelação Divina e a transmissão da fé
2h/a
03
A fé trinitária e o mistério cristão
2h/a
04
Deus e o problema do mal
2h/a
05
Cristo e o problema da Salvação
2h/a
06
O papel de Maria na História da Salvação
2h/a
07
A relação entre Antigo e Novo Testamento
2h/a
08
A Igreja e os sacramentos
2h/a
09
O Decálogo e os fundamentos da moral cristã
2h/a
10
A espiritualidade cristã e a oração do Pai Nosso
2h/a
TOTAL
20h/a

Referências bibliográficas
BECK, Eleonore. Eu creio: Pequeno catecismo católico. São Paulo: Editorial Verbo Divino, 1999.
CIC. Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Paulo, 2000.
LIBÂNIO, João Batista. Eu creio, nós cremos: tratado da fé. São Paulo: Loyola, 2000.
RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo: Preleções sobre o Símbolo Apostólico. São Paulo: Herder, 1970.