sábado, 5 de maio de 2012

1º Tema do CIC: A fé e os Símbolos

1.     INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO: A PROFISSÃO DE FÉ APOSTÓLICA

Detalhe: Sacrifício de Isaac.
A fé sem reflexão pode levar ao fideísmo.
Conceitos: Fé. Revelação. Inspiração. Transmissão. Testemunho. Tradição Apostólica. Magistério. Dogma. Símbolos.

Introdução ao tema da fé
O termo fé[1] é o ponto de partida para o estudo da Teologia. No Catecismo da Igreja Católica antes da demonstração do conteúdo da fé, há considerações sobre ela. A fé nasce da busca de uma relação entre homem e Deus.
No Primeiro Testamento, fé designa o ato de ser firme e fiel a algo e de também de aceitar algo como verdadeiro. Deus se elege o povo de Israel com quem deseja fazer uma aliança e se manifesta por meio de oráculos e de teofanias. A síntese do conteúdo desta é o Shemá.
A fé no Segundo Testamento possui várias dimensões. Nos Evangelhos, ela é a adesão ao anúncio do Reino de Deus. João já apresenta a fé como uma resposta de encontro pessoal com Jesus. Nos escritos paulinos, a fé é a adesão à pregação do Evangelho (ARBOITH, 2008).
A fé possui uma dimensão pessoal e uma eclesial. É uma adesão a uma mensagem que exige mudança de mentalidade, insere a fiel em uma comunidade e tem como conseqüência um novo comportamento moral.

Em busca de um conceito de fé
     Em hebreus 11, 1, lemos que “a fé é a substância das coisas que se esperam e o argumento das coisas que não se veem”. Tomás de Aquino[2] considerava essa afirmação como a mais completa definição bíblica da fé. É a vivência antecipada do que se espera, é a convicção sobre o invisível.
     Segundo Libânio (2000), o ato de crer é graça de Deus, liberdade humana e tem uma racionalidade profunda. Aqueles que creem sem esforço da razão caem no fideísmo. Aqueles que procuram a razão em tudo caem no racionalismo. Outros transformam a questão em mera vontade, é o voluntarismo. Além disso, a fé tem uma base pessoal, mas também a influência da cultura, do espaço e da época.
     A fé se relaciona com as duas outras virtudes: a esperança e o amor. Muitos procuram na fé uma certeza que passa por cima dos fatos. As características da fé são justamente uma experiência humana que mescla certeza e dúvida. A fé e a esperança andam juntas, quando se diz ter fé, quer dizer que se tem uma esperança dada por Cristo que ultrapassa todo desânimo e falta de sentido do mundo. Quando Pedro fala das razões da esperança, isso alcança também as razões da fé (BENTO XVI, Spe Salvi[3], 2).

O conteúdo da fé
     Em que cremos? O conteúdo da fé é a revelação. (LAMBIASI, 1997). Segundo o Evangelho, crer em Jesus significa aceitar a pessoa e não meramente os seus ensinamentos. Portanto, a fé é em alguém e não em algo. A salvação provém da fé, ou seja, da aceitação dessa pessoa como um todo. A salvação é sempre salvação de algum perigo, nesse caso, é a preservação da grande esperança de que a vida possui um sentido pleno. A fé tem forma bíblica na expressão “Jesus é o Senhor”(Fl 2, 9-11).

O processo da Revelação e a Tradição Apostólica
A Revelação é um fenômeno próprio da experiência religiosa judaico-cristã. O Primeiro Testamento mostra Deus (Yahweh) se revelando ao seu povo através da providência e da entrega da Lei. O Segundo Testamento considera esta revelação através da pessoa de Jesus e sua encarnação. A Carta aos Hebreus 1, 1-2 sintetiza este processo: Depois de ter, por muitas vezes e de muitos modos, falado outrora aos pais nos profetas, Deus, no período final em que estamos, falou-nos a nós num Filho a quem estabeleceu herdeiro de tudo, por quem outrossim criou os mundos”.
A Revelação torna-se experiência vivida pelo povo de Israel e tradição escrita (As Escrituras). A Igreja primitiva apóia sua fé nas memórias dos apóstolos. Esta Tradição Apostólica torna-se Escrituras e costumes de fé e de moral. A Tradição precede as Escrituras. O depósito da fé foi confiado, protegido e transmitido pelos apóstolos. A tarefa de explicar, de atualizar para a linguagem de uma época a mensagem da Revelação na Igreja é do Magistério.

O Símbolo Apostólico
O Símbolo Apostólico é a síntese da doutrina cristã. A sua origem parece estar ligada à tradição litúrgica dos primeiros séculos. Foi inicialmente uma confissão batismal. O texto já foi conhecido como “os doze artigos da fé”. Havia uma lenda que dizia que cada artigo foi ditado por um apóstolo. Esta origem foi difundida por Rufino no século IV. A divisão tradicional do Credo:

1. Creio em Deus Pai Todo-poderoso, o Criador dos Céus e da terra. 1ª pessoa da Trindade.
2. E em Jesus Cristo, o seu único Filho, o nosso Senhor; 2ª pessoa da Trindade.
3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria; Origem divina e humana de Jesus.
4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; Morte real de Jesus.
5. desceu aos infernos, e ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos; Ressurreição de Jesus.
6. subiu ao céu e está assentado a direita de Deus Pai Todo-poderoso; Ascensão e aprovação divina.
7. dali virá para julgar os vivos e os mortos. Julgamento final.
8. Creio no Espírito Santo; 3ª pessoa da Trindade.
9. na santa Igreja católica, a comunhão dos santos; Autenticidade da Igreja.
10. o perdão dos pecados; Remissão.
11. a ressurreição do corpo Imortalidade.
12. e a vida eterna. Amém. Eternidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARBOITH, Felipe Barrozo. O conceito de fé na teologia fundamental cristã. Revista Eletrônica Theologia. Volume 2, Nº 1, 2008.
BECK, Eleonore. Eu creio: Pequeno catecismo católico. São Paulo: Editorial Verbo Divino, 1999.
CIC. Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Paulo, 2000.
LIBÂNIO, João Batista. Eu creio, nós cremos: tratado da fé. São Paulo: Loyola, 2000.
RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo: Preleções sobre o Símbolo Apostólico. São Paulo: Herder, 1970.


[1] Crer em grego se diz pistéuo e o sentido é “acreditar, confiar, ser convencido”.
[2] Tomás de Aquino (1225 – 1274) foi o maior teólogo da Idade Média.
[3]  Spe salvi é latim e significa “Salvos pela esperança”.

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